Desde que tive acesso ao domínio Cham Kiu ouvi do meu Si Fu e dos irmãos-Kung Fu termos como “fluxo”, “água”, ponte”, “aprender a andar”, “movimento”.
Hoje tivemos a terceira aula deste domínio no curso “Desvendando a Trilogia Fundamental”.

Se aproveitando da abordagem desse domínio, o Si Fu – também um profundo conhecedor da Psicanálise – faz uma bela observação sobre o sistema no que tange aos movimentos e suas conexões: a de analisar, isto é, de quebrar em partes, cada movimento em prol de não “emendá-los” de qualquer jeito ou de apressá-los na conclusão.
Há motivos para que um movimento siga outro, faça sentido, tal como na vida prática.
Vendo por esse lado fica até simples entender que as relações, os movimentos, a comunicação seguem um fluxo sim, mas não são eficazes se feitos por acaso ou no improviso. Eles dependem da observação de cada ponto e qualquer deslocamento ou posição precisa acontecer com legitimidade.
Todos os domínios pressupõem isso? Certamente. Porém é em Cham Kiu que vamos começar a fazer ajustes durante a execução.

Ajustar aqui não tem a ver com errar e consertar por incompetência.
É o ajuste apropriado para quando acontecem desequilíbrios, perdas de ocupação e conexão e momentos de inconsciência.
Tudo isso acontece. É do desenvolvimento do Kung Fu essa possibilidade “deixada em aberto” da não-perfeição, da nota que pode nunca ser máxima.
O ajuste é bem-vindo e imprescindível para o praticante, o movimento – por vezes invisível aos olhos dos outros – dá forma às coisas e não temos certeza de como nos sairemos. E aí que vejo a graça.
E que bom poder ajustar. Sinal de que as chances estão comigo.
A discípula de Mestre Sênior Julio Camacho, Carmen Maris (Moy Kat Ming)