Esta sim, chave do desenvolvimento da marcialidade juntamente à base.
A guarda – Jong Sau no sistema Ving Tsun.

Esse é de longe meu tema predileto e ainda falarei aqui sobre ele.
Se tenho algo inicial a dizer sobre aplicação efetiva da marcialidade que desenvolvo a cada dia pela prática do Ving Tsun, é o quanto eu simplesmente não sabia estar em guarda. Se estive não fui estratégica. Não tinha consciência dela. Não conhecia sua mecânica, não tinha noção de que estar em guarda é ocupar meu próprio espaço com legitimidade para qualquer coisa que venha do externo. Não é ficar “na defensiva”, como se diz. Só entendi isso na vida-Kung Fu.

Perguntei ao Si Fu, Mestre Senior Julio Camacho, como se passa ao praticante novo essa noção de guarda sendo que ele pode desconhecer posicionamentos, base e movimentos:
— Isso só pode ser transmitido de maneira física. Não se pode “despertar” a guarda dele falando. É na via prática que ele vai sentir a necessidade e então entrar em Jong Sau – esclareceu.
Tenho visto muito, principalmente nos negócios o valor da guarda. Diante de um orçamento proposto por um fornecedor minha tendência era aceitar de primeira, afinal, no meu “não-estado de guarda” cada um sabe quanto vale o que vende, ou seja, eu não discutia valores. Da mesma forma com propostas de remuneração para trabalhos meus: para não perder, aceitava o proposto. Como se não quisesse contrariar.
No entendimento que tenho hoje a guarda é essencial para que qualquer processo ande de maneira genuína.

O que quero dizer de importante da guarda não é a ferramenta de ocupação do meio na prática de Ving Tsun em si, mas sim é o estado de guarda. O estado mental de guarda. É ele que nos mantém prontos para qualquer troca que o cenário peça.
A guarda eficaz tem neutralidade: não tende para um lado e nem para outro. Sempre haverá uma parte desguarnecida se polarizarmos e para isso precisamos estar neutros e relaxados. Quem fica tenso perde a guarda. Quem fica mole também.
Nunca sabemos se o outro está em guarda.
O que sei é que eu, agora com um olhar de quem dá muito valor a ela, procuro estar.
A discípula de Mestre Sênior Julio Camacho, Carmen Maris (“Moy Kat Ming“)